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Acidente Vascular Cerebral
Dr. Maurício Hoshino

Sinônimos: Derrame, isquemia, AVC.

O que é A.V.C. (Acidente Vascular Cerebral)?

 

Como o próprio nome diz, trata-se de um acidente (dano súbito inesperado) com alteração do fluxo sangüíneo e conseqüente lesão cerebral. Caracteriza-se por perda súbita de função neurológica decorrente de alterações na irrigação sangüínea cerebral. Quando houver recuperação rápida desta perda de função, usualmente em questão de minutos, considera-se que houve pronta recuperação da irrigação, sendo o episódio não mais denominado Acidente Vascular Cerebral, mas sim Episódio Isquêmico Transitório.

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Classificação

O AVC pode ser divido em duas categorias:

Isquêmico: Quando a alteração de irrigação sangüínea cerebral é decorrente de interrupção do fluxo sangüíneo, com conseqüente parada de oferta de oxigênio e outros nutrientes para as células cerebrais, principalmente os neurônios (células muito sensíveis responsáveis pelo funcionamento cerebral): é a chamada anóxia neuronal.
Hemorrágico: Quando a alteração de irrigação sangüínea cerebral é decorrente de ruptura das paredes dos vasos sangüíneos, com extravazamento de sangue e morte celular.

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Quem tem mais risco?

Os fatores de risco para se desenvolver o acidente vascular cerebral são os mesmos para qualquer doença cardiovascular: obesidade, hipertensão arterial, alterações do colesterol e triglicérides, fumo, álcool, diabetes, doenças sangüíneas que causam distúrbio na coagulação, arritmia cardíaca, uso de pílulas anticoncepcionais e antecedente de AVC na família.Tais alterações crônicas de saúde irão acometer a parede interna dos vasos, tornando-os mais frágeis, possibilitando tanto ruptura quanto oclusão.

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Sintomas

Como cada parte do cérebro é responsável por uma função específica, os problemas neurológicos vão depender de qual estrutura cerebral foi lesada pela alteração de fluxo sangüíneo. Por exemplo, se houver lesão do neurônio responsável pela movimentação da boca, o paciente ficará com boca torta. Da mesma forma, o acometimento de um pequeno ramo arterial pode atingir apenas pequenos neurônios responsáveis pela sensibilidade do dedão do pé, quando a única queixa será um discreto formigamento daquela região, sem qualquer outro sintoma adicional. Os sintomas comuns são: perda de força nos membros do mesmo lado, perda da sensibilidade dos membros do mesmo lado, alteração de fala. Muito difícil diagnóstico quando não há uma piora tão visível, tipo áreas do cérebro que controlam a memória, raciocínio, lógica, atos complexos (fazer sinal da cruz, por exemplo); é necessário valorizar perdas agudas nesses campos.

Sintomas preocupantes são: dor de cabeça súbita, presença de ânsia e vômitos não precedidos de náuseas, sonolência, confusão mental, convulsões, visão dobrada, desmaios.

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Muitas vezes as isquemias são muito pequenas, são os chamados microderrames, por acometimento da microcirculação (com lesões milimétricas, normalmente assintomáticas). Porém, conforme vão se somando, leva a graves comprometimentos da memória, equilíbrio, deglutição e controle dos esfíncteres (urinário e fecal); daí a necessidade de diagnóstico precoce. É muito fácil confusão com doença de Alzheimer.

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O que fazer se estiver diante de um possível AVC?

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Mesmo na dúvida, deve-se procurar atendimento hospitalar imediato, mesmo nos casos leves. Quanto mais rápido o paciente for atendido, menor o risco de seqüela. Não se deve perder tempo com recursos caseiros tipo tirar uma soneca, dar um banho e, o que seria pior, dar um comprimido "porque pode ser um problema de pressão" (o que pode piorar ainda mais a situação).

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O tratamento médico, num primeiro momento, atua em duas frentes: evitar a piora e promover a recuperação daqueles neurônios atingidos, para minimizar seqüelas. Como o neurônio é uma célula muito sensível à falta de oxigênio, não se pode perder nenhum segundo para iniciar os tratamentos de recuperação. Mais recentemente, temos a disposição o trombolítico, que consegue dissolver os trombos arteriais, reperfundindo o território com isquemia. Infelizmente, do ponto de vista médico, nem todos podem receber tal medicação, sendo o principal critério de exclusão o intervalo de mais de 3 horas desde a isquemia até o tratamento.

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Num segundo momento, todos os esforços são voltados para profilaxia secundária, ou seja, evitar que aconteça novamente.

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Tratamento

É fundamental iniciar medidas de reabilitação, como fisioterapia e fonoaudiologia, o mais precoce possível. O tratamento irá variar de acordo com a etiologia que o provocou, havendo uma ampla gama de medicações a serem utilizadas. Também é importante preocupação quanto ao aspecto psicológico, haja visto alta incidência de depressão pós-AVC. Muitas vezes a irritabilidade, insônia, perda de apetite, desânimo podem não ser apenas uma “reação” normal após o acontecido, mas necessite tratamento específico. Muito carinho e orientações devem ser dadas em caso de dependência, pois trata-se de uma situação inédita para os futuros cuidadores. Ninguém pode dizer que tem muita prática no assunto (uma vez que cada AVC é particular no tocante a seqüelas, e cada paciente irá reagir diferentemente à sua situação de dependência) e a situação pode se tornar estressante, principalmente quando muito centralizada num só cuidador responsável.

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Reabilitação

É uma fase importante, longa, que demanda tempo, paciência e disciplina, com duas finalidades principais:

Prevenir complicações:as mais comuns são as deformidades ocasionadas pela paralisia, com atrofia decorrente.Após o AVC, já em alguns dias começa a se notar um aumento do tônus muscular, chamado de espasticidade. Tal fenômeno desencadeia alterações em estruturas musculares e osteo-articulares, que demandam, inclusive geradoras de dor à mobilização (exemplo: ombro doloroso), prejudicando ainda mais a recuperação motora. A mobilização dos membros paralisados, quanto mais precoce se inicia, menores problemas acarretam. Outras complicações graves: dores centrais (dor de origem neurológica acometendo membro afetado pelo acidente vascular), pneumonias de repetição, escaras de posicionamento, trombose venosa profunda (TVP).

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Recuperar ao máximo a funcionalidade perdida, seja através de fisioterapia, fonoaudiologia ou terapia ocupacional, no sentido de excluir a dependência, reintegrando o paciente com a melhor qualidade de vida possível.

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